Douglas e Sakai na noite em Colónia

Depois de na época passada ambos terem caído à segunda liga alemã, o Colónia e o Hamburgo afirmaram-se rapidamente como os dois principais candidatos à subida à Bundesliga. No fundo, uma viagem curta pela segunda divisão, a servir como forma de se voltarem a reorganizar  para um futuro mais sustentável.

Ao comando do Colónia está Markus Anfang, que após quase ter subido o Holstein Kiel na época passada, aceitou comandar o clube de Colónia nesta época, tornando-os na principal força ofensiva do campeonato, com 75 golos marcados em 29 jogos. Um número absolutamente notável, para o qual muito tem contribuido Terodde e Córdoba. Dois jogadores que Anfang conseguiu incorporar no seu 11, num sistema de 3x5x2.

Do outro lado estava outro recém caído, o Hamburgo que enfrentou a sua primeira descida à segunda divisão. Agora comandados por Hannes Wolf, ex-formação do Borussia de Dortmund, após o despedimento de Titz. A equipa de Wolf ocupa actualmente o segundo lugar, embora com um registo ofensivo muito menos vistoso que o seu adversário e chegava a este jogo sem a sua principal arma ofensiva, o goleador Lasogga.

A abordagem de Hannes passou então por montar uma equipa com Berkay Ozcan como falso 9, acompanhado de Jatta e Narey como extremos e Mangala e Jung como médios interiores. Estes últimos eram os responsáveis pelo ataque às costas da defensiva. Para isso, tinham de puxar a equipa do Colónia para um dos lados e poderem romper no lado oposto, mais desprotegido. A fase de construção era, portanto, fundamental.

Os seus jogadores mais inteligentes e dotados técnicamente, Douglas Santos e Sakai, respectivamente lateral-esquerdo e lateral-direito, assumiam uma posição mais  interior e adiantada. Isto fazia com que, no mínimo, igualassem e atraissem os interiores do Colónia, permitindo que o médio interior e o extremo do Hamburgo tivessem espaço nas costas destes para combinarem e progredirem, enfrentando a última linha adversária.

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Como podemos ver neste segundo vídeo, o posicionamento dos laterais em zonas mais interiores, obriga a que os médios interiores do Colónia tivessem de exercer pressão. A posição do extremo e do médio interior obrigavam a que o médio defensivo adversário tivesse de bascular de modo a evitar uma clara superioridade numérica do Hamburgo. E aqui estava criado o dilema. Se o outro interior do Colónia ajustasse para fazer a cobertura ao médio defensivo, deixava no lado oposto o lateral livre para progredir.

Numa fase inicial do encontro, o Hamburgo tentou pressionar a construção do Colónia, principalmente quando estes utilizavam apenas os três centrais na primeira linha de construção. Ozcan, Mangala e Jung orientavam a construção para fora, pressionando o central e cortando a linha de passe para o médio defensivo simultaneamente (cover-shadow), com Jatta e Narey a bloquearem a ligação directa aos interiores.

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Essa pressão foi temporariamente resolvida pelo Colónia, com Kainz a integrar a construção como lateral-direito.

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O Colónia acaba por chegar ao golo num lance de bola parada. Após o golo sofrido houve imadiatamente um ajuste do Hamburgo. Deixaram de pressionar alto e passaram a dar o protagonismo aos centrais do Colónia. Baixaram Janjicic para central sem bola, bem como Jung para a linha média, passando a defender num 5x3x2 médio.

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A partir daqui, o Colónia tornou-se muito pouco perigoso. Com os interiores sempre mais preocupados em criar superioridade no corredor lateral do que em progredir pelo meio, o Hamburgo foi controlando as ocorrências, sem que lhe causassem grande perigo, como podemos ver abaixo.

Deixo aqui só mais um exemplo da organização ofensiva do Hamburgo. Reaprem no posicionamento e agressividade dos laterais do Hamburgo, a forma como ocupam os espaços e se movimentam para receber e fazer a equipa progredir.

De notar também que este posicionamento dos laterais permitia um couterpressing mais eficaz, criando várias linhas distintas para pressionarem.

Faltou ao Hamburgo fazer mais uso de Ozcan como apoio e entre-linhas para criar superioridade num dos lados e permitir entrar no “lado mais fraco”. Faltou também que os interiores fossem mais eficazes no ataque do espaço nas costas da linha do Colónia, os movimentos de ruptura foram escassos e nem sempre bem executados, mesmo que o extremo se encontrasse numa posição favorável. Acabou por limitar o número de oportunidades de golo claras criadas, mesmo que os passos dados até lá fossem dados.

 

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