A pressão em Amesterdão por Peter Bosz

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In an echo of Pep Guardiola’s Barcelona, Bosz favours a feverish pressing game. “Barcelona have a three-second rule,” he says. “We’re not Barcelona, so I put two seconds on.”

Bosz laughs. “The five-second rule is something that if you lose the ball, this is the best moment to get the ball back again. The opponent needs more or less five seconds to get in the right positions. We have to get it back right away.”

“What they call naive is that my defence was on the halfway line with a lot of space at the back,” Bosz says. “But you have to organise really well. If you do that, you have the five-second rule. You lose the ball and press them immediately, then it’s possible. If you look at our performances in Europe, yesterday was [only] the second time we have conceded in our stadium.”

“Don’t be disappointed in your team-mate. You have to press. This is the moment. Not one player. The whole team. If you do that right, you will not concede. We have young players, so when we lose the ball, in their mind, they go back immediately because they have to defend. My way of thinking is we go forward immediately because we want the ball back.”

In The Guardian

É com estes excertos do artigo do The Guardian sobre o Ajax e o seu treinador Peter Bosz que começo este artigo. Há muitas coisas a elogiar neste Ajax, muito pela postura positiva com que encaram o jogo. Mas hoje vou dar uma olhadela na forma de pressionar dos holandeses.

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Peter Bosz começa por querer que a sua equipa seja uma equipa dominante, asfixiante para o adversário. Para isso quer que a sua equipa esteja subida no terreno. Claro que isso é visto por muitos como demasiado arriscado, devido ao espaço deixado nas costas. Porém Bosz considera que a sua abordagem é segura, recorrendo mesmo a números do seu Ajax na Europa para justificar tal facto, onde apenas sofreu 3 golos em casa, sendo que dois deles foram no mesmo jogo, mantendo assim um registo de 5 jogos sem sofrer. Assim sendo, esta análise estatística parece demonstrar que, de facto, a abordagem escolhida pelo treinador é apropriada e segura.

Mas então como é que, deixando tanto espaço nas costas da sua defesa, consegue o Ajax manter a segurança defensiva que os números parecem mostrar?

O segredo parece residir na pressão que aplicam após a perda da bola. Os holandeses são uma equipa que gosta de ter a bola (como tem, na minha opinião, de ser toda e qualquer equipa que pretenda dominar o jogo), tendo uma média de 60% de posse de bola segundo dados do WhoScored.  Assim sendo, como a equipa passa a maior parte do tempo com bola, de modo a serem seguros do ponto de vista defensivo parece ser uma boa estratégia reduzir ao máximo o tempo que passam sem ela. Essa redução do tempo sem bola é alcançada através da pressão que aplicam após a perda da mesma.

Peter Bosz explica que uma equipa necessita, geralmente, de aproximadamente 5 segundos após recuperar a bola para se poder organizar e assim partir para o contra-ataque. É então durante esses 5 segundos em que o adversário se tentar organizar que o Ajax tenta recuperar o esférico, aplicando uma pressão total, envolvendo a equipa como um todo, com o intuito de serem o mais sufocantes e limitantes possível.

Os jogadores do Ajax ao pressionarem desta forma agressiva, com vários jogadores a rodear o adversário, vão empurrando a equipa contrária para trás e obrigando a tomar más decisões, propiciando assim recuperações de bola. Recuperações essas em locais muito subidos no terreno, o que é benéfico para o Ajax pois estão já mais perto do objectivo: a baliza. para além disto, como o oponente está numa fase de transição de uma postura defensiva para uma postura ofensiva, a equipa encontra-se algo desorganizada, o que facilita a tarefa dos holandeses em penetrar na defensiva adversária.

Neste vídeo podemos ver uma amostra desta pressão agressiva do Ajax, ainda que de forma um pouco descoordenada e individual. Acabou por ser falta a favor do Lyon.

Já neste vídeo podemos ver os jogadores do Ajax a pressionar de forma mais colectiva, com vários jogadores a “empurrarem” o adversário para zonas mais recuadas, forçando o passe longo e consequentemente o erro. Note-se a forma como Kasper Dolberg pressiona, num movimento circular, com o objectivo de impedir que o guarda-redes consiga variar o jogo, limitando-o a um dos lados do campo.

A pressão colectiva a dar frutos neste vídeo. Ao ter vários jogadores a pressionar ao mesmo tempo, o adversário é levado a tomar decisões mais rapidamente, que faz com que estas possam levar a mais erros e mais intercepções por parte dos holandeses.

Mais uma vez, uma pressão muito agressiva por parte dos vermelho e brancos que resultou numa recuperação de bola por parte do central.

Para finalizar esta ronda de vídeos, um exemplo onde a contra-pressão característica já da equipa de Amesterdão, resultou num golo do avançado Dinamarquês Kasper Dolber.

Em suma, o Ajax parece ter vindo a tornar-se uma equipa muito interessante, que pretende ser dominadora, passando muito tempo com bola, residindo a sua estratégia defensiva essencialmente na reação rápida e agressiva que têm à perda da bola.

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